Já lhe aconteceu encontrar-se com alguém mas o telemóvel ser o protagonista? Já alguma vez falou com alguém mas essa pessoa nem sequer o ouviu por estar a enviar mensagens? Considera que o encontro com outra pessoa é bom se essa pessoa passar o tempo “agarrada” ao telemóvel?
O #phubbing, que resulta da união de duas palavras em inglês snubbing e phone, é o ato de ignorar alguém utilizando como desculpa um telefonema, uma mensagem ou, de forma geral, a utilização do telemóvel. Nos Estados Unidos nove em cada dez pessoas inquiridas num estudo referiram utilizar o smartphone durante o seu último encontro social. Este tema tem interessado cada vez mais investigadores na área da psicologia. Como tal, foi publicado um novo estudo, relativo a esta temática, no Journal of Applied Social Psychology.
O estudo consistiu na apresentação de vídeos com várias situações com diferentes graus de phubbing. Os participantes revelaram que quanto mais este estava presente pior consideravam a qualidade e o grau de relação entre os personagens. Como explicação para este efeito, os investigadores consideraram que o mesmo era visto como uma forma de exclusão social, análoga a outras experienciadas no dia-a-dia, como o comer sozinho na escola. A diferença residia apenas no facto de a exclusão, neste caso, ser feita durante um encontro com alguém.
O phubbing afeta de forma adversa as necessidades fundamentais dos participantes, incluindo o seu sentimento de pertença e autoestima, os mesmos efeitos encontrados nas formas tradicionais de exclusão social. Quanto mais essas necessidades forem ameaçadas maior o sentimento de que a relação mantida com a pessoa em causa é pior, ainda que considerem típico e socialmente aceitável o comportamento de phubbing.
Isto remete-nos, mais uma vez, para a reflexão sobre vantagens e desvantagens da utilização das novas tecnologias. Considerando que há muito de bom, devemos também prestar atenção aos possíveis riscos associados a uma tecnologização da vida quotidiana. A partir do momento em que a tecnologia colabora na destruição de laços sociais, devemos repensar a sua função e a relevância que lhe é dada no nosso dia-a-dia.
Sara Santos
Coordenação Temática
Psique Teatro
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